A12 sexta-feira, 22 de abril de 2005 CIÊNCIA Folha de S.
Paolo
ANTROPOLOGIA ONG diz que Projeto Genográfico prejudica
culturas tradicionais Indígenas atacamestudo de DNA
REINALDO JOSÉ LOPES ........................................................................................
DAREPORTAGEMLOCAL
Não demorou para que a sombra do “Projeto Vampiro”
viesse a perseguir o Projeto Genográfico, lançado
na semana passada como a maior iniciativa já criada para
desvendar a história das migrações humanas
por meio do DNA. Uma ONG que reúne povos indígenas
anunciou que vai fazer de tudo para barrar a idéia, que
classifica como tentativa de explorar seu legado genético
e cultural.
O grupo, denominado IPCB (Conselho dos Povos Indígenas
sobre Biocolonialismo), sediado nos Estados Unidos, declarou-se
contra o Projeto Genográfico desde seu lançamento,
no último dia 13. “Ele é essencialmente uma
tentativa renovada de atingir os objetivos do Projeto Diversidade
do Genoma Humano, que lutamos para derrubar durante os anos 1990”,
afirma o rascunho de uma ação contra a iniciativa
enviada à Folha por Debra Harry, diretora-executiva do
IPCB e membro da tribo peiote-do-norte (EUA). Esse estudo ganhou
o apelido de “Projeto Vampiro” por envolver o uso
de células e material genético de povos nativos
em pesquisas médicas, e também o patenteamento de
seus genes.
O novo projeto, que quer recolher 100 mil amostras de povos indígenas
nos cinco continentes, fez de tudo para se distanciar dessa imagem.
Seus líderes anunciaram que o DNA só será
usado para estudos sobre a história das migrações
humanas e que não terá qualquer aplicação
médica ou comercial. Mas, para os membros do IPCB, não
é o suficiente.
“Nossas histórias da criação e línguas
já trazeminformações sobre nossa genealogia.
Não precisamos de testes genéticos para saber de
onde viemos”, diz Marla Big Boy, advogada do IPCB e membro
do povo lakota (EUA). Alémdisso, afirmameles, tais testes
poderiamsugerir que, por não seremnativos de sua região,
os indígenas não têmdireito a ela.
O manifesto critica a extração do DNA de fósseis
humanos, que os indígenas consideram desrespeito aos ancestrais,
e diz que os dados impulsionariam teses racistas. O IPCB orientará
seus membros a escrever cartas de protesto à National Geographic
e à IBM, que coordenamo projeto. Funcionária da
National Geographic recolhe DNA da boca
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